domingo, 12 de julho de 2009

13 de julho - aniversário de Caio Viana Martins







QUEM FOI CAIO VIANA MARTINS?

"UM ESCOTEIRO CAMINHA COM SUAS PRÓPRIAS PERNAS"

Na madrugada de 19 de dezembro de 1938, um menino de 15 anos saiu da vida para entrar para a história, quando pronunciou essa frase que o imortalizou no cenário nacional e até hoje serve como exemplo de bravura, heroísmo e dedicação às novas gerações de Escoteiros do Brasil.

O autor dessa frase célebre foi Caio Vianna Martins, que nasceu em Matosinho/MG, nesse tempo arraial e hoje virou cidade: às 11:30 horas, a 13 de julho de 1923. Filho de Raimundo da Silva Martins e de Branca Vianna Martins.

Aos seis anos seus pais o matricularam no Grupo Escolar Visconde do Rio das Velhas. Mais tarde mudou-se com a família para Belo Horizonte. Matriculou-se aos oito anos no Grupo Escolar Barão do Rio Branco onde estudou até o quarto ano primário. Estudou também no colégio Arnaldo e Afonso Arinos, onde entrou para o Escotismo. O Grupo era patrocinado pelo educandário. Isso aconteceu em 10 de setembro de 1937. Mais tarde Caio se tornaria Monitor da Patrulha Lobo.

Parece que naquela noite de 19 de dezembro de 1938 o Escoteiro Caio Vianna Martins estava com seu destino traçado, semelhante aos grandes heróis da história.

A Comissão Executiva do Grupo Escoteiro Afonso Arinos, do ginásio do mesmo nome, de Belo Horizonte, ambos hoje inexistentes, organizou uma excursão técnica-cultural a São Paulo. A delegação era formada por 25 membros.

A composição noturna estava formada com 11 carros, sendo o do meio, 1ª Classe, ocupado pelos Escoteiros. A viagem se desenrolava normalmente. Às 2:05 da madrugada do dia 19 de dezembro entre as pequenas estações de Sítio e João Aires, aconteceu o terrível desastre, quando se chocaram o trem noturno que descia, com o trem cargueiro que subia. Muitos carros descarrilaram, outros engavetaram e alguns se levantaram.


O carro da frente ao ocupado pelos Escoteiros saltou dos trilhos, atravessando para a direita. Contra ele foi o carro dos Escoteiros, engavetando-se, partindo-se e tombando sobre o barranco e comprimido para a frente pela pressão dos carro restaurante e leito.

Os Escoteiros que resistiram ao impacto das composições reuniram-se em um ponto à direita da estrada. Nesse momento o grupo sentiu falta do Escoteiro Gerson Issa Satuf e do Lobinho Hélio Marcos. Na procura ambos foram encontrados mortos.

Do vagão leito foram retirados colchões e cobertores, usados para abrigarem os sobreviventes. Para uma cabine foram levados os feridos com maior gravidade. Alguns Escoteiros trabalharam na confecção de macas com lençóis e paus enquanto os demais, com as tábuas que foram retiradas dos vagões, fizeram uma fogueira para iluminar o local, facilitando o trabalho de salvamento.

Os primeiros socorros chegaram somente às sete horas da manhã (cinco horas após o acidente). Os passageiros feridos, inclusive alguns Escoteiros, foram transportados para Barbacena. No desastre morreram 40 pessoas.

O Monitor Caio recebeu forte pancada na região lombar, sofrendo esmagamento das víceras e hemorragia interna. Retirado do carro pelos companheiros e recolhido ao vagão leito, Caio Martins parecia dar sinais de estar melhor. Pouco depois quando seria levado para Barbacena e notando que um enfermeiro se aproximava com a maca, ele olhou ao redor e viu que havia outros feridos mais necessitados. Encarando o enfermeiro disse: "Não. Há muitos feridos aí. Deixe-me que irei só. Um Escoteiro caminha com as próprias pernas". Acompanhado dos amigos, seguiu andando, para a cidade. O esforço que fez, porém, foi muito grande. Ao chegar ao hotel deu alguns passos para depois saírem golfadas de sangue de sua boca, em conseqüência da hemorragia interna que sofreu. Levado para a Santa Casa veio a falecer às duas horas do dia 20 na presença de seus pais. Foi sepultado no cemitério de Bonfim, zona norte de Belo Horizonte, junto do Escoteiro Gerson e do Lobinho Hélio Marcos.

Caio Viana, é um grande exemplo para todos os jovens da Tropa Escoteira.

HINO A CAIO VIANA
Do escoteiro sincero e arrojado
Foste sempre o modelo na vida,
Tendo o nome da Pátria querida
Bem no fundo do peito gravado.
Num exemplo sublime de amor,
Afrontando o rigor do destino,
Foste um grande, e apesar de menino,
Foste um homem de brio e valor!
Deste ao mundo uma prova frisante
Do valor sem rival do Escotismo
Que cultiva o mais nobre altruismo
E a noção do dever tem constante
Sem temer as surpresas da sorte
Enfrentaste o mais rude caminho!
"O escoteiro caminha sozinho"
Nem que seja a caminho da morte!
Foste herói, quase santo!
E o suplício Mal sentiste da morte tão perto!
É que a Deus ofertaste, decerto,
Teu supremo e ideal sacrifício!
Sirva sempre de lema e fanal
Teu sereno valor de escoteiro,
Que gravou neste céu do cruzeiro
O teu nome com brilho imortal!




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